Um ano marcado pela pandemia e revisão histórica dos monumentos nos EUA e Europa

Beta Redação
3 min readDec 7, 2020

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O ano de 2020 foi marcado, para além da pandemia, por protesto contra o racismo e a violência policial. O estopim para tais manifestações foi a morte de Gerge Floyd, em 25 de maio, após policiais brancos terem o assassinado ao sufocá-lo com o joelho no pescoço em uma abordagem.

Em 7 de junho, manifestantes que protestavam contra o racismo e a violência policial contra negros derrubaram a estátua que homenageia o comerciante, filantropo, político inglês e escravagista Edward Colston. Após a derrubada do monumento, vários outros se seguiram no mesmo destino.

Tais ações levantam muitas questões sobre a legitimidade e a validade de ações contra peças que, de uma forma ou outra, fazem parte do patrimônio histórico. A discussão envolve tanto aspectos educacionais e políticos, como também disputa de narrativas, revisionismo, escravidão e racismo.

No Brasil, o contexto é muito mais complexo e leva em conta muitas camadas da sociedade. É importante ressaltar que alguns especialistas apontam que isso é uma forma de ativismo e não vandalismo.

Em Moscou, após a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), as estátuas que homenageavam políticos e líderes foram derrubadas, com figuras de Marx, Stálin e Lênin. A solução foi a criação do Parque dos Monumentos Caídos, também conhecido como Cemitério dos Monumentos Caídos ou simplesmente Muzeon. Localizado em Moscou, na Rússia, o espaço é uma galeria a céu aberto que contém antigas estátuas soviéticas, bem como esculturas públicas mais modernas.

Para José Francisco, “Porto Alegre deveria ter seus monumentos em locais mais cercados, inclusive deveria cercar alguns parques grandes, apesar da impossibilidade, outras cidades conseguem cercar como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, conseguem cercar parques e fechar de noite e mesmo fechar durante a semana para manutenção”, aponta o especialista.

Nesse contexto, grupos tentam criar formar de fazer intervenções em estátuas, sem interferir nas sua estrutura e integridade física. É o caso do Grupo de Ação, que em uma vasta ação adicionou caveiras em frente a diversas estátuas, com a Estátua do Anhanguera no Parque Trianon, no Monumento aos Bandeirantes no Parque Ibirapuera e na Estátua do Borba Gato em Santo Amaro como forma crítica ao contexto histórico de violência e genocídio em São Paulo.

Intervenção feita pelo Grupo de Ação. (Foto: Reprodução/Mídia Ninja)

Há também, casos de intervenções para chamar atenção para outras causas, como a climática. Durante uma semana de novembro de 2020, a intervenção urbana “Eggcident” do artista holandês Henk Hofstra estava no Parque da Redenção trazendo uma reflexão sobre as mudanças climáticas e como essas alterações impactam diretamente nas nossas vidas, fazendo parte da programação da Virada Sustentável de Porto Alegre.

Obra “Eggcident” do artista Henk Hofstra. (Foto: Reprodução/ Virada Sustentável Porto Alegre)

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A Beta Redação integra diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em cinco editorias.